Cais das Colunas, Lisboa

Cais das Colunas localiza-se no Terreiro do Paço, no centro histórico da cidade, de Lisboa, . Permitia o acesso aos cacilheiros ou outras embarcações que fazem a trajectória entre o Terreiro do Paço e a Margem Sul do rio Tejo.
Esta foi sempre a entrada nobre de Lisboa e, nos degraus de mármore do Cais das Colunas, vindos do rio, desembarcam chefes de estado e outras figuras de destaque (como Isabel II de Inglaterra ou Gungunhana). 
Um facto interessante são os banhos semanais que ocorriam antigamente no cais, nos quais algumas pessoas ousavam banhar-se nuas, o que causou indignação na época.
Não existem documentos escritos relativos ao ano de sua construção, e mal se sabe que foi concluído no final do século XVIII, aparecendo já em uma gravura de Noel e Wells, “A view of the Praça do Commércio at Lisbon“, datada de 1792. A designação de Cais das Colunas  deve -se à existência de dois pilares monolíticos erguidos nos extremos e que são parte integrante do projeto da Praça do Comércio, autoria do arquiteto Eugénio dos Santos, para a reconstrução da cidade depois do terramoto de 1755.

O minuto de silêncio foi inventado em Portugal

De todas as “invenções” portuguesas, a mais universal e mais difundida é, sem dúvida, o minuto de silêncio. O um minuto de silêncio com o qual presta-se homenagem a um morto ilustre. Tudo começou em 1912 com a morte do Barão do Rio Branco, ministro dos negócios Estrangeiros do Brasil e pessoa muito querida em Portugal, por ter sido um dos primeiros estadistas a patrocinar o reconhecimento da República Portuguesa em 1910.
José Maria da Silva Paranhos Júnior nasceu no Rio de Janeiro a 20 de abril de 1845, filho do também diplomata que se tornou famoso sob o título de Visconde do Rio Branco.
Político competente, o barão foi ministro dos Negócios Estrangeiros durante os governos presidenciais de 1901 até a data de sua morte em 10 de fevereiro de 1912. Antes da República, Paranhos Júnior servira com igual empenho a causa da monarquia.
A sua morte teve tal repercussão no Brasil que o Governo baixou um decreto adiando o carnaval, para que esse período de festas não coincidisse com o luto nacional. Como ministro dos Negócios Estrangeiros, Rio Branco foi o responsável pela demarcação das fronteiras, trabalho que executou com engenho e arte, dilatando ainda mais o já vasto território brasileiro com a anexação do atual estado do Acre, que pertencia à Bolívia (1904), uma área em litígio com a Guiana Francesa, que abrangia quase todo o atual Estado do Amapá, e resolvendo em favor do Brasil um litígio fronteiriço com a Argentina, incorporando em definitivo uma área territorial de 30 mil 621 km quadrados.
“Em Portugal havia um verdadeiro culto pelo Barão do Rio Branco, o estadista ilustre que o Brasil perdeu, e o seu nome era entre nós tão querido e tão espalhado que raro dos portugueses de uma certa cultura o desconhecia. Todos os que amam o Brasil e seguem atentamente os seus movimentos políticos e literários, os que lá vão em busca de um pouco de bem estar, os artistas que viajam anualmente na terra nossa irmã, os comerciantes que regressam com o seu pecúlio e vão instalar-se nas suas províncias, todos recordavam com admiração o nome do ilustre homem de Estado”, como ficou registado na Ilustração Portuguesa, de 26 de fevereiro de 1912, lamentando a sua morte e noticiando a missa de sétimo dia em sufrágio da sua alma.
A morte do Barão do Rio Branco causou um forte impacto em Portugal. A Câmara dos deputados na sua reunião do dia 13 de fevereiro, sob a presidência de Aresta Branco, em homenagem ao morto ilustre, suspendeu a sessão por meia hora – como era tradicional. Já na reunião do Senado no dia seguinte, sob a presidência de Anselmo Braamcamp e secretariada por Bernardino Roque e Paes de Almeida, inovou e revolucionou. “O presidente, aludindo ao falecimento do Sr. Barão do Rio Branco, recordou que os altos serviços por aquele estadista prestados ao seu país e a circunstância de ser ele ministro quando o Brasil reconheceu a república portuguesa”, escrevia o Diário de Notíciassobre a sessão.
Continuando com a evocação do DN: “Honrou também o Barão do Rio Branco as tradições lusitanas da origem da sua família e por tudo isso propôs que durante dez minutos, e como homenagem à sua memória, os senhores senadores, se conservassem silenciosos nos seus lugares. Assim se fez…”. Cumpriu-se, assim, o primeiro momento de silêncio que se tem notícia, numa sucessão que se vem prolongando até os nossos dias.
Depois deste dia, todas as vezes que morria alguém passível de homenagem, o Legislativo português repetia o gesto. Com o tempo, de dez minutos passou a cinco, depois a um, como actualmente. Em seguida, as casas legislativas europeias copiaram o modelo português e daí para o resto do mundo, ganhando visibilidade sobretudo nos estádios desportivos.