O VERDADEIRO TRABALHO EM POLÍTICA!!!!!

O maior pote de ferro do Mundo, candidato ao Livro dos Recordes - «Guinness Book»



Foto de Nuno Alegria

É um objecto único, mas não é uma peça de museu. O maior pote de ferro do Mundo, candidato ao Livro dos Recordes - «Guinness Book» - foi feita em Portugal e vai servir para promover a gastronomia transmontana, na Norcaça & Norpesca, de 25 a 28 deste mês, em Bragança.

A \"panela à portuguesa\" (designação técnica), com três pés, tem 2,10 metros de altura, pesa 620 quilos, 1,28 metros de diâmetro exterior e capacidade para 1000 litros. Demorou cerca de cinco meses a ser projectada e executada por uma equipa de 20 pessoas. E dificilmente poderia ter sido feita em outro local que não na Alba, a fundição que marca a história de Albergaria-a-Velha, a maior metalurgia portuguesa na década de 50, a recuperar da crise que a abalou nos anos 90.

\"Foi decisiva a experiência dos trabalhadores mais antigos porque para fazer uma panela destas dimensões foi necessário recorrer a uma técnica que já não se utiliza\", refere Manuela Valença, directora geral da Alba, numa alusão à \"moldação à cércea\", um método também usado para fazer sinos e que passa, entre outros passos, por uma chapa, com o perfil da panela, que vai devastando a moldação em areia solidificada até a deixar com a forma pretendida. Ricardo Ferreira, engenheiro responsável pelo projecto, resume o processo de elaboração. \"A panela foi feita à mão, desde os moldes à pintura\", diz ao JN.
O pote vai servir para cozinhar um guisado de javali para mais de 2000 pessoas, confeccionado com 700 quilos de carne proveniente de 18 porcos selvagens. Tal e qual se faz após as montarias nas aldeias de Bragança, mas numa proporção gigante.
Como cozinhar a uma altura de dois metros, num pote aquecido a lenha, foi outro desafio, este colocado à organização da feira. A solução para mexer 700 quilos de carne vai passar por um sistema mecânico que assim substituirá a força braçal. \"Um sistema lento para não esmagar a carne, já que as batatas serão cozinhadas à parte\", explica Rui Caseiro, vice-presidente da Câmara de Bragança, entidade organizadora.
O javali vai ser cozinhado todos os dias da feira no pote gigante. A refeição completa custará 10 euros por pessoa.

João Costa in JN, 2007-10-14
In Diério de Trás-os-Montes
 

O VERDADEIRO AMOR SEGUNDO WISLAWA SZYMBORSKA

O verdadeiro amor. É normal, é sério, é prático?
O que é que o mundo ganha com duas pessoas que vivem num mundo delas próprias?
 
Colocadas no mesmo pedestal sem mérito nenhum, extraídas ao acaso entre milhões, mas convencidas que era assim que tinha de ser - em prémio de quê? De nada.
A luz desce de qualquer lado.
Porquê nestas duas e não noutras?
Não é isto uma injustiça? É sim.
Não é contra os princípios estabelecidos com diligência e derruba a moral no seu cume? Sim, as duas coisas.
 
Olha para este casal feliz.
Não podiam ao menos tentar esconder-se, fingindo um pouco de melancolia, por cortesia com os seus amigos?
Ouçam como riem - é um insulto a linguagem que usam - ilusoriamente clara.
E aquelas pequenas celebrações, rituais, as mútuas rotinas elaboradas - parece mesmo um acordo feito nas costas da humanidade.
 
É difícil prever a que ponto as coisas chegariam se as pessoas começassem a seguir o seu exemplo.
O que aconteceria à religião e à poesia?
O que seria recordado? Ou renunciado?
Quem quereria ficar dentro dos limites?
 
O verdadeiro amor. É mesmo necessário?
O tacto e o silêncio aconselham-nos a passar por cima dele em silêncio, como sobre um escândalo na alta roda da vida.
Crianças absolutamente maravilhosas nasceram sem a sua ajuda.
E ele chega tão raramente que nem num milhão de anos conseguiriam povoar o planeta.
 
Deixem que as pessoas que nunca encontraram o verdadeiro amor continuem a dizer que tal coisa não existe.
 
Com essa fé será mais fácil para eles viver e morrer.
 
(Wislawa Szymborska)