D. Dinis: o Rei poeta que colocou os portugueses a escrever e a falar português

D. Dinis é uma das grandes figuras da nossa História. Era, na sua época, um dos Reis mais respeitados no mundo. Conhecido como o “Rei Poeta” (pois terá escrito 173 poemas em Galaico-português) ou o “Rei Lavrador” (devido à sua aposta no campo), D. Dinis foi o 6º monarca de Portugal e reinou durante 46 anos. É descrito como culto, justo, por vezes cruel, piedoso, decidido e inteligente.

Da sua infância pouco sabemos, infelizmente. Contudo, tem-se conhecimento de que aos 10 anos passou umas férias na corte do seu avô Afonso X, rei de Castela, também conhecido como “O Sábio”. Suspeita-se que a sua veia artística terá ali sido adquirida.
Em 1279, aos 17 anos, D. Dinis chega ao trono de um país que vivia tempos instáveis, não sendo assim de espantar os vários problemas com que teve de lidar nos primeiros anos. Entre 1279-1287 a sua mãe, Beatriz de Castela, queria ser rainha consorte. D. Dinis não aceitou e afirmou a sua posição. Depois, em 1281, o seu irmão D. Afonso colocou em causa as competências do rei.

 Logo no início do seu reinado, em 1280, D. Dinis, pensou no casamento e possivelmente nas questões políticas. Encontrou a sua esposa ideal em Isabel de Aragão, conhecida popularmente, hoje em dia, como a “Rainha Santa”, figura que, como se sabe, marcou bastante o próprio reinado de D. Dinis e a História de Portugal.

 O casamento seria feito 2 anos depois, em Barcelona, por procuração. A Rainha Isabel tinha…10 anos! Ao chegarem a Portugal, foi feita a cerimónia em Trancoso. E depois fixaram-se em Coimbra. Deste casamento tiveram dois filhos: D. Constança e D. Afonso, futuro D. Afonso IV. No entanto, D. Dinis teve várias relações extraconjugais, dos quais teve filhos, que foram educados pela… Rainha Santa!

 Depois destes anos conturbados, D. Dinis tomou várias medidas, como por exemplo: criou um sistema de leis, criou as feiras, apostou na pesca e em outras atividades marítimas, cedeu terrenos para cultivar a quem não tinha posses. Foi, no entanto, a agricultura que mais o interessou (daí o seu cognome, “o Lavrador”). Procurou interessar toda a população na exploração das terras, facilitando a sua distribuição.
No Entre Douro e Minho dividiu as terras em casais, cada casal vindo mais tarde a dar origem a uma povoação. Em Trás-os-Montes o rei adoptou um regime colectivista: as terras eram entregues a um grupo que repartia entre si os encargos, determinados serviços e edifícios eram comunitários, tais como o forno do pão, o moinho e a guarda do rebanho. Na Estremadura a forma de povoamento dominante foi a que teve por base o imposto da jugada; outros tipos de divisão foram também utilizados, como, por exemplo, a parceria.

Em 1290, fundou a primeira universidade no país, que se situava em Lisboa e posteriormente passou para Coimbra. Ao contrário do que se pensa não criou, mas ajudou a desenvolver o Pinhal de Leiria. Assinou, juntamente com D. Fernando IV, rei de Castela, a 12 Agosto de 1297, o Tratado de Alcanizes, acordo que reconhecia oficialmente as fronteiras de Portugal.
Estabeleceu o Português como língua oficial na redacção de documentos e fez uma aliança com Aragão. Também relevante foi o facto de ter mediado o conflito entre Aragão e Castela, o que lhe deu um grande prestígio a nível internacional.

 Em 1290, concluída a reconquista portuguesa, o rei Dinis I de Portugal decretou que a “língua vulgar” (o galego-português falado) fosse usada em vez do latim na corte, e nomeada “português”. O rei trovador, neto e tradutor de Afonso X O Sábio, adoptara uma língua própria para o reino, tal como o seu avô fizera com o castelhano. Em 1296 o português foi adaptado pela chancelaria régia e passou a ser usado não só na poesia, mas também na redacção das leis e pelos notários.

 A 7 de Janeiro de 1325, aos 63 anos (uma idade muito avançada para a altura), D. Dinis faleceu em Santarém. Foi sepultado no Mosteiro de Odivelas, um edifício que foi criado por si. Análises feitas ao seu túmulo indicam que o “Rei Poeta” foi muito saudável (incrivelmente faleceu com todos os dentes!), permitindo ainda concluir que media 1,65 metros e tinha cabelo e barba ruivos.