Da sua infância pouco sabemos,
infelizmente. Contudo, tem-se conhecimento de que aos 10 anos passou
umas férias na corte do seu avô Afonso X, rei de Castela, também
conhecido como “O Sábio”. Suspeita-se que a sua veia artística terá ali
sido adquirida.
Em 1279, aos 17 anos, D. Dinis chega ao
trono de um país que vivia tempos instáveis, não sendo assim de espantar
os vários problemas com que teve de lidar nos primeiros anos. Entre
1279-1287 a sua mãe, Beatriz de Castela, queria ser rainha consorte. D.
Dinis não aceitou e afirmou a sua posição. Depois, em 1281, o seu irmão
D. Afonso colocou em causa as competências do rei.
Logo no início do seu reinado, em 1280, D.
Dinis, pensou no casamento e possivelmente nas questões políticas.
Encontrou a sua esposa ideal em Isabel de Aragão, conhecida
popularmente, hoje em dia, como a “Rainha Santa”, figura que, como se
sabe, marcou bastante o próprio reinado de D. Dinis e a História de
Portugal.
O casamento seria feito 2 anos depois, em Barcelona, por procuração.
A Rainha Isabel tinha…10 anos! Ao chegarem a Portugal, foi feita a
cerimónia em Trancoso. E depois fixaram-se em Coimbra. Deste casamento
tiveram dois filhos: D. Constança e D. Afonso, futuro D. Afonso IV. No
entanto, D. Dinis teve várias relações extraconjugais, dos quais teve
filhos, que foram educados pela… Rainha Santa!
Depois destes anos conturbados, D. Dinis
tomou várias medidas, como por exemplo: criou um sistema de leis, criou
as feiras, apostou na pesca e em outras atividades marítimas, cedeu
terrenos para cultivar a quem não tinha posses. Foi, no entanto, a
agricultura que mais o interessou (daí o seu cognome, “o Lavrador”).
Procurou interessar toda a população na exploração das terras,
facilitando a sua distribuição.
No Entre Douro e Minho dividiu as terras
em casais, cada casal vindo mais tarde a dar origem a uma povoação. Em
Trás-os-Montes o rei adoptou um regime colectivista: as terras eram
entregues a um grupo que repartia entre si os encargos, determinados
serviços e edifícios eram comunitários, tais como o forno do pão, o
moinho e a guarda do rebanho. Na Estremadura a forma de povoamento
dominante foi a que teve por base o imposto da jugada; outros tipos de
divisão foram também utilizados, como, por exemplo, a parceria.
Em 1290, fundou a primeira universidade
no país, que se situava em Lisboa e posteriormente passou para Coimbra.
Ao contrário do que se pensa não criou, mas ajudou a desenvolver o
Pinhal de Leiria. Assinou, juntamente com D. Fernando IV, rei de
Castela, a 12 Agosto de 1297, o Tratado de Alcanizes, acordo que
reconhecia oficialmente as fronteiras de Portugal.
Estabeleceu o Português como língua
oficial na redacção de documentos e fez uma aliança com Aragão. Também
relevante foi o facto de ter mediado o conflito entre Aragão e Castela, o
que lhe deu um grande prestígio a nível internacional.
Em 1290, concluída a reconquista portuguesa, o rei Dinis I de
Portugal decretou que a “língua vulgar” (o galego-português falado)
fosse usada em vez do latim na corte, e nomeada “português”. O rei
trovador, neto e tradutor de Afonso X O Sábio, adoptara uma língua
própria para o reino, tal como o seu avô fizera com o castelhano.
Em 1296 o português foi adaptado pela chancelaria régia e passou a ser
usado não só na poesia, mas também na redacção das leis e pelos
notários.
A 7 de Janeiro de 1325, aos 63 anos (uma idade muito avançada para a
altura), D. Dinis faleceu em Santarém. Foi sepultado no Mosteiro de
Odivelas, um edifício que foi criado por si. Análises feitas ao seu
túmulo indicam que o “Rei Poeta” foi muito saudável (incrivelmente
faleceu com todos os dentes!), permitindo ainda concluir que media 1,65
metros e tinha cabelo e barba ruivos.