No
espaço ocupado pelo Campo de Santa Clara, em 1147 nem ali, nem pelas
imediações se encontrava casa alguma. Diz também Norberto de
Araújo nas suas Peregrinações em Lisboa que: "(...) era
nos séculos velhos um campo descoberto, descarnado de edifícios, em
encosta gradual, que caía, a nascente, sobre as ribas do Tejo”.
Era
na época um monte inculto, começando no meio da actual Travessa da
Verónica e desdobrando-se até à margem do Tejo. Ainda agora é
muito amplo, pois desde o Arco Grande de Cima, (datado das
remodelações filipinas), que servia de passagem superior e ligava o
Convento com os terrenos da sua cerca), até à Rua do Mirante,
passando pela proximidade do Templo de Santa Engrácia e do Hospital
da Marinha, tudo está compreendido na sua demarcação.
Apesar
de tanta gente por aqui transitar, bem pouca se recordará de que
nestes terrenos acamparam e sepultaram os seus mortos, as aguerridas
hostes de Cruzados Flamengos e Alemães, ao serviço do fundador da
nossa monarquia, pois D. Afonso Henriques conseguiu uma aliança com
os Cruzados, para a conquista de Lisboa.
Combinado
o plano de ataque, ficaram os soldados portugueses com os
Flamengos e Alemães no Monte de Santa Clara e os guerreiros aliados
Ingleses no Alto da Senhora dos Mártires ou Monte Fragoso, próximo
do actual Chiado.
D.
Afonso Henriques, sendo um rei previdente e católico, logo que
começou o Cerco, mandou edificar no campo uma capela e uma
enfermaria.
Coroado
que foi de glória o seu arrojado intento, tratou imediatamente de
lançar a primeira pedra do edifício de S. Vicente e como o terreno
ficava aquém das muralhas mouriscas, cerca moura, chamaram-lhe São
Vicente De Fora, tal ficando para sempre. Sabe-se que tanto a Igreja
como o Convento à época, eram de acanhadas dimensões.
O
nome Campo de Santa Clara está ligado ao sítio desde o ano de
1294. Deve-se o seu nome à Ordem Franciscana de Santa Clara, que em
1288 edificou no local as suas instalações religiosas. Aquela
casa religiosa das Freiras de Santa Clara prosperou muito, mas com o
terramoto de 1755 tudo ficou reduzido a escombros e cinzas.
A
Feira da Ladra teve início no Chão da Feira, ao Castelo,
provavelmente em 1272, tendo mais tarde passado para o Rossio. É no
ano de 1552 que surge uma primeira notícia da realização da Feira
no Rossio, na Estatística Manuscrita de Lisboa. Em 1610 aparece a
designação Feira da Ladra numa postura oficial.
Depois
do terramoto de 1755 instalou-se na Cotovia de Baixo (actual Praça
da Alegria), estendendo-se mesmo pela Rua Ocidental do Passeio
Público.
Em
1823 foi transferida para o Campo de Santana, onde esteve apenas
cinco meses, voltando para a Praça da Alegria.
Em
1835 voltou para o Campo de Santana, onde se conservou até 1882,
antes de passar para o Campo de Santa Clara, às terças-feiras, e,
desde 1903, também aos sábados.
Começa
de manhã cedo e termina à tardinha, onde centenas de vendedores e
compradores negoceiam. Aqui tudo se encontra à venda: utilidades,
roupas, livros, objetos de coleção, antiguidades, desde máquinas
fotográficas antigas a móveis usados, discos de vinil, relógios de
bolso, entre tantas outras coisas… e muitos outros artigos novos e
usados.
Mais
do que uma mera feira, este é um espaço de encontro animado que
permite conhecer melhor Lisboa e os lisboetas.
Embora
não exista acordo sobre a origem do seu nome, a tese mais
reconhecida é que o termo “Ladra” se deve ao facto de aí se
venderem objetos roubados.
Existe
também a ideia de que o nome da Feira da Ladra não tem nada a ver
com ladras ou ladrões,mas sim com a língua árabe. De facto a Feira
da Ladra remonta ao século XIII (ou mesmo antes), quando a língua
árabe era ainda familiar em Lisboa.
Feira
da Ladra, quer dizer Feira da Virgem (a Mãe de Jesus), pois "A
Virgem" em árabe diz-se "al-aadraa" (العذراء).
Esta
palavra, ouve-se repetidamente na "Nursat", o canal
televisivo dos Maronitas (Católicos) do Líbano.
Ficam
pois as duas versões sobre a origem do nome da feira, sendo que lá
se vendem todo o tipo de objetos nunca sendo questionada a sua
origem...