Este blogue pretende ser um espaço de divulgação do nordeste transmontano, suas aldeias e tradições, assim como das belas paisagens, desconhecidas da maioria das pessoas. No entanto, não se exclui a divulgação de outros temas, fotos e curiosidades.
"Matar o bicho"
Matar o bicho, mata bichar, desjejuar são termos que acabam por significar o mesmo: tomar a primeira refeição do dia, hoje chamada por todos de pequeno-almoço. Há várias estórias para justificar a expressão de mata-bicho. Este repasto consitia em cebolas e tomates rachados, azeitonas curadas, carne gorda, bacalhau cru, broa de milho, pão de centeio, aguardente e figos secos, leite, café de saco, mel e caldo de cebola.
Significados da expressão
1.Todos conhecem a expressão "matar o bicho". Mas raros serão os que conhecem a sua origem, que remonta ao século XIV.
Em 1329 morreu, em Paris, uma senhora. Fez-se autópsia do cadáver e encontrou-se no coração um bichinho vivo que, ao perfurar aquele orgão, determinara a morte.
Os médicos fizeram várias experiências com o verme, procurando averiguar qual o remédio eficaz em futuros casos semelhantes.
Amudeceram-no com várias drogas, atacaram-no com venenos. Mas nada, o brulo se movia; quer dizer: nada o matou. Por fim um dos médicos lembrou-se de dar ao bicho um bocadinho de pão embebido em vinho. O animal morreu acto contínuo. Atendendo a isto, achou-se que era conveniente tomar, de manhã, em jejum, um copinho de vinho, aguardente ou licor, para "matar o bicho".
A Minha Terra
Vila-Flor
é sem dúvida um destino obrigatório no Nordeste Transmontano e
este texto não terá o mínimo de objetividade, rigor ou
independência, pois tudo na minha terra é bom.
Considerada
a Capital do Azeite, no coração da Terra Quente Transmontana, conta
com cerca de 8 mil habitantes, distribuídos por 19 freguesias.
Conta a
lenda que D. Dinis aquando da sua passagem por este burgo, até
então denominado “Povoa de Além-Sabor” terá ficado de tal
modo encantado com a beleza da paisagem, que em 1286
carinhosamente a rebatizou de "Vila Flor".
Cerca de
1295, D. Dinis manda erguer em seu redor, em jeito de proteção, uma
cinta de muralhas com 5 portas ou arcos, restando apenas o Arco de
D. Dinis, que é monumento de interesse público.
No verão,
é muito procurada por centenas de turistas oriundos de vários
cantos do país e estrangeiros, pela riqueza verdejante do seu Parque
de Campismo.
Os
hotéis, as Casas de Agro Turismo e Turismo Rural, as pensões
mais modestas, passando pelos restaurantes com os pratos mais ou
menos elaborados, os cafés, as ruas, as pessoas, a paisagem, o
campo, aqui tudo é bom E, com toda a certeza, todos serão muito
bem recebidos.
A oferta
hoteleira ainda não é variada, mas é acessível a todas as
carteiras. No entanto, são de recomendar algumas Casas de Agro
Turismo e Turismo Rural, que proporcionam programas como
piqueniques no campo, provas de vinho, passeios equestres,
participação nas fainas agrícolas entre outras.
Existe
também uma variada oferta cultural: o Complexo Turístico do
Peneireiro, a Fonte Romana, o Museu Berta Cabral, a Igreja Matriz, o
Arco de D Dinis e em especial a Forca e o Pelourinho de Freixiel,
sem esquecer as outras aldeias do concelho, onde o património é de
visitar, quer pelo seu valor artístico, quer pelo seu bom estado de
conservação.
No
Santuário de N S da Assunção, subindo o escadório desfruta-se
de uma vista fabulosa, abrangendo várias aldeias e outros
concelhos limítrofes
No entanto,
as 24 horas de cada dia, só serão bem passadas se se esquecerem as
dietas, ou a dita alimentação saudável, pois uma dose é, de
facto uma dose e é de perder a cabeça.
Finalmente
não se pode esquecer a qualidade dos produtos agrícolas e regionais
e ainda as artes e ofícios tradicionais que vêm fazendo parte da
ruralidade da região, integradas na pluralidade de muitas famílias,
orientadas para ocupação de tempos livres e ainda para
auto-suficiência, sendo na maioria dos casos exercida em oficinas
na própria casa.
O site
http://www.cm-vilaflor.pt/curiosidades/ mostra as várias
possibilidades. Pelourinho de Freixiel
Porta de D Dinis Vila Flor
Comemoração dos 500 anos do Foral Manuelino de Freixiel
Muito se falou, opinou e até se escreveu sobre a comemoração do Foral Manuelino de Freixiel, no entanto, quero aqui destacar o lançamento do livro comemorativo “ Forais de Freixiel – Edição Comemorativa” de Cristiano Morais. Foi um belíssimo presente, à sua terra e às suas gentes, esta sua publicação no passado dia 19 de Julho.
Cristiano Morais, através das suas publicações, demonstra um conhecimento profundo da história das gentes dos concelhos de Vila Flor e Carrazeda de Ansiães, dando -nos a conhecer a forma de viver destes povos, as suas tradições e costumes ao longo dos séculos.
Toda a sua vida foi dedicada à pesquisa e estudo incessante das famílias e gentes transmontanas, em especial do concelho de Vila Flor. Mesmo quando enfrenta dificuldades nessa pesquisa, nunca desiste, parece mesmo que toma novo alento e segue em frente com a sua obra.
Na véspera da festa, tive o prazer de passar boa parte do serão à conversa com Cristiano Morais, amigo de infância e mais uma vez pude constatar a vivacidade e o prazer que emana ao transmitir as estórias da história, contagiando-nos com o seu entusiasmo, fazendo – nos sonhar com os tempos idos e grandiosos de Freixiel.
Decerto que não será comum e não haverá por esse país fora, muitas aldeias que tenham entre os seus, alguém culturalmente tão dotado e generoso na pesquisa, estudo e divulgação das suas “histórias”.
Agora umo novo sonho espera concretização e os respetivos apoios oficiais. Sonho antigo, mas grandioso, o de abrir um espaço público, que preserve as memórias ancestrais e que mostre aos jovens e aos vindouros a riqueza cultural de Freixiel.
Surge como primeira opção o edifício da antiga escola primária, lugar dedicado durante décadas à cultura, por onde todos os habitantes passaram e fizeram a sua primeira aprendizagem escolar.
No seu discurso do lançamento do livro ora referido, Cristiano Morais, lançou este repto ao Presidente da Câmara de Vila Flor. Esperamos todos que mais cedo do que tarde A CASA DA MEMÓRIA seja uma realidade, pois só assim nos sentiremos felizes e em comunhão por uma ideia que surgiu tímida, mas que foi crescendo, agigantando-se de tal forma que para todos se converteu num objectivo primordial e de imperativa importância.
Parabéns Cristiano por tudo o que tens feito em prol da cultura, tornando-nos mais ricos não só com os teus livros, mas também pelas estórias que nos contas, sempre que temos a oportunidade e o prazer de falar contigo.
Tempo de alheiras
Toda a gente fala e opina sobre alheiras, mas nem todos lhe conhecem a
essência, ou pelo menos a alma. E cada produto é produto de quem o fabrica,
como dizia o celebérrimo Abade de Priscos ao Arcebispo de Braga. Ora, as
alheiras não são bem um produto, mas um conjunto de produtos e sem bons
produtos, não se pode fazer boas alheiras.
As alheiras são um enchido tradicional fumado, cujos principais ingredientes
são a carne e gordura de porco, a carne de aves (galinha e/ou peru), o pão de
trigo, o azeite, condimentados com sal, alho e colorau doce e/ou picante.
Podem também ser usados como ingredientes a carne de animais de caça, a
carne de vaca e o salpicão e/ou o presunto envelhecidos.
Com formato de ferradura, cilíndrico, o interior é constituído por uma pasta
fina na qual se apercebem pedaços de carne desfiadas e cujo invólucro é
constituído por tripa natural, geralmente de vaca.
Diz-se que a origem da alheira remonta aos fins do século XV e princípios do
século XVI e está associada à presença dos judeus em Trás-os-Montes. Por não
comerem carne de porco, os judeus não faziam nem fumavam os enchidos,
sendo assim facilmente identificáveis pela Inquisição. Decidiram assim pegar
noutros tipos de carnes e envolvê-las numa massa de pão para criar a alheira.
A receita acabou por se popularizar entre os cristãos, que lhe acrescentaram a
carne de porco.
A ideia de associar o aparecimento da alheira aos judeus fixados próximo da
zona raiana, para facilmente fugirem para Espanha, parece querer justificar a
prática da alheira mais ajustada à terra fria transmontana.
Durante os finais do século XV e princípios do século XVI, ser-lhes-ia permitido
atravessar as fronteiras em sentido da perseguição de que seriam alvo, tendo
as coroas, portuguesa e espanhola, tolerado as infiltrações, pois os judeus
eram trabalhadores, detentores de fortuna e comerciantes necessários.
Assim, a suposta ligação da alheira com os cristãos novos talvez não passe de
uma ideia romântica popular, pois não há factos concludentes que a suportem.
Parece mais certo que o seu aparecimento esteja ligado ao próprio ciclo de
produção de fumeiros caseiros, ou simplesmente à necessidade de
conservação das carnes dos diversos animais criados para consumo próprio.
Segundo Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, a necessidade ajuda ao
engenho, e fruto da perseguição que eram permanentemente alvo pela
Inquisição, os judeus, "...não podendo estes comer carne de porco por
imposição da sua fé, imaginaram um enchido, que, embora semelhante aos
enchidos que por essa época eram o prato forte das gentes, não levasse a
carne proibida."
O Abade de Baçal também se refere às alheiras, sempre associadas à
matança e como um enchido de carnes. Para a Exposição Portuguesa em
Sevilha em 1929, na brochura escrita sobre Trás-os-Montes, refere que em
Bragança "se notabilizam como pitéus regionais deliciosos, de fama geral
em todo o País tabafeias, fabricadas desde Outubro a Fevereiro..."
José Leite de Vasconcelos, na sua Etnografia Portuguesa, referencia a alheira
no capítulo dos alimentos de origem animal e como enchido de porco. Na
sua perspetiva as alheiras também eram chamadas de "Tabafeiras".
A alheira é, hoje, um dos mais afamados ex-libris transmontanos, sendo as
mais afamadas as de Mirandela, tendo sido nomeada uma das 7 Maravilhas da
Gastronomia de Portugal. No entanto, por toda a região de Trás-os-Montes se
fazem alheiras artesanais de excelente qualidade.
Em Trás-os-Montes a alheira é consumida grelhada, ou assada em lume
brando, acompanhada por batata cozida com um fio de azeite, e legumes da
época variados. Mais a sul o mais natural é encontrar os menus com a alheira
frita, batatas fritas, ovo estrelado e saladas de alface e tomate. Por vezes, é
também acompanhada por grelos de couve. É uma presença habitual nas
ementas dos restaurantes de todo o país.
“Em Fevereiro chega-te ao fumeiro” - Provérbio popular
Sugestões de Confeção
Visite o site http://pt.petitchef.com/tags/recettes/alheira-page-
5 http://pt.petitchef.com/tags/recettes/alheira-page-5
para mais receitas sobre como confeccionar alheiras.
Bibliografia:
topiteu.blogspot.com/p/origem-da-alheira.html
www.infopedia.pt/
www.cm-mirandela.pt/
essência, ou pelo menos a alma. E cada produto é produto de quem o fabrica,
como dizia o celebérrimo Abade de Priscos ao Arcebispo de Braga. Ora, as
alheiras não são bem um produto, mas um conjunto de produtos e sem bons
produtos, não se pode fazer boas alheiras.
As alheiras são um enchido tradicional fumado, cujos principais ingredientes
são a carne e gordura de porco, a carne de aves (galinha e/ou peru), o pão de
trigo, o azeite, condimentados com sal, alho e colorau doce e/ou picante.
Podem também ser usados como ingredientes a carne de animais de caça, a
carne de vaca e o salpicão e/ou o presunto envelhecidos.
Com formato de ferradura, cilíndrico, o interior é constituído por uma pasta
fina na qual se apercebem pedaços de carne desfiadas e cujo invólucro é
constituído por tripa natural, geralmente de vaca.
Diz-se que a origem da alheira remonta aos fins do século XV e princípios do
século XVI e está associada à presença dos judeus em Trás-os-Montes. Por não
comerem carne de porco, os judeus não faziam nem fumavam os enchidos,
sendo assim facilmente identificáveis pela Inquisição. Decidiram assim pegar
noutros tipos de carnes e envolvê-las numa massa de pão para criar a alheira.
A receita acabou por se popularizar entre os cristãos, que lhe acrescentaram a
carne de porco.
A ideia de associar o aparecimento da alheira aos judeus fixados próximo da
zona raiana, para facilmente fugirem para Espanha, parece querer justificar a
prática da alheira mais ajustada à terra fria transmontana.
Durante os finais do século XV e princípios do século XVI, ser-lhes-ia permitido
atravessar as fronteiras em sentido da perseguição de que seriam alvo, tendo
as coroas, portuguesa e espanhola, tolerado as infiltrações, pois os judeus
eram trabalhadores, detentores de fortuna e comerciantes necessários.
Assim, a suposta ligação da alheira com os cristãos novos talvez não passe de
uma ideia romântica popular, pois não há factos concludentes que a suportem.
Parece mais certo que o seu aparecimento esteja ligado ao próprio ciclo de
produção de fumeiros caseiros, ou simplesmente à necessidade de
conservação das carnes dos diversos animais criados para consumo próprio.
Segundo Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, a necessidade ajuda ao
engenho, e fruto da perseguição que eram permanentemente alvo pela
Inquisição, os judeus, "...não podendo estes comer carne de porco por
imposição da sua fé, imaginaram um enchido, que, embora semelhante aos
enchidos que por essa época eram o prato forte das gentes, não levasse a
carne proibida."
O Abade de Baçal também se refere às alheiras, sempre associadas à
matança e como um enchido de carnes. Para a Exposição Portuguesa em
Sevilha em 1929, na brochura escrita sobre Trás-os-Montes, refere que em
Bragança "se notabilizam como pitéus regionais deliciosos, de fama geral
em todo o País tabafeias, fabricadas desde Outubro a Fevereiro..."
José Leite de Vasconcelos, na sua Etnografia Portuguesa, referencia a alheira
no capítulo dos alimentos de origem animal e como enchido de porco. Na
sua perspetiva as alheiras também eram chamadas de "Tabafeiras".
A alheira é, hoje, um dos mais afamados ex-libris transmontanos, sendo as
mais afamadas as de Mirandela, tendo sido nomeada uma das 7 Maravilhas da
Gastronomia de Portugal. No entanto, por toda a região de Trás-os-Montes se
fazem alheiras artesanais de excelente qualidade.
Em Trás-os-Montes a alheira é consumida grelhada, ou assada em lume
brando, acompanhada por batata cozida com um fio de azeite, e legumes da
época variados. Mais a sul o mais natural é encontrar os menus com a alheira
frita, batatas fritas, ovo estrelado e saladas de alface e tomate. Por vezes, é
também acompanhada por grelos de couve. É uma presença habitual nas
ementas dos restaurantes de todo o país.
“Em Fevereiro chega-te ao fumeiro” - Provérbio popular
Sugestões de Confeção
Visite o site http://pt.petitchef.com/tags/recettes/alheira-page-
5 http://pt.petitchef.com/tags/recettes/alheira-page-5
para mais receitas sobre como confeccionar alheiras.
Bibliografia:
topiteu.blogspot.com/p/origem-da-alheira.html
www.infopedia.pt/
www.cm-mirandela.pt/
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